Relato de Fabiana

Sempre preferi esconder minhas identidades nos jogos colocando nomes neutros ou masculinos. Adoto isso devido a alguns relatos de quando iniciei no mundos dos jogos quando criança através dos MMORPG. Quando comecei, colocava o meu nome mesmo nas personagens e sempre vinha uma chuva de assédio do tipo: oi gata, quer tc? Oi gata, você tem namorado? Como se o objetivo de uma menina ir jogar fosse namorar. Não conseguia upar sossegada com tanto assédio e com os caras querendo me conquistar através de doações de itens. Também sempre vinha um para julgar quando via minha personagem bem equipada "já sei, conseguiu isso com os namorados!". Após isso, passei a adotar nomes masculinos/neutros e nunca mais fui importunada. Engraçado era a reação de alguns amigos in game ao revelar que eu era mulher: muitos mudavam de postura e começavam a me assediar e outros ficavam impressionados de uma mulher ser mais bem equipada e forte do que eles. Recentemente comecei a jogar jogos competitivos e aí, meus caros, aí sim é o pior ambiente para uma mulher. Uma vez numa partida ranqueada no Overwatch, fui ofendida num player no voice chat ao saber que eu era mulher, alegando que mulher não presta nem para jogar de suporte! Jogo de suporte no Overwatch porque acho muito bom e não é uma tarefa nada fácil, além de haver uma carência de bons suportes. No League of Legends também já ouvi a mesma coisa, sendo que lá eu sempre jogo de AdCarry ou Jungle. Existe um estigma que a mulher em jogos competitivos tem que jogar de suporte como se fosse incapaz de assumir papel de carregadora, o que é ridículo, pois todas as roles são importantes e somos capazes. Enfim, sou mulher e só não tenho mais problemas com jogos porque simplesmente tenho que me "travestir" online para poder não ser importunada. Pior ainda é a descrença que uma mulher pode sim e é totalmente normal jogar melhor do que homem. Somos todos iguais.

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